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domingo, fevereiro 22, 2009

QUAL A DIFERENÇA ENTRE QUERER E DECIDIR?

PENSAMIENTOS

(Comentários sobre o texto "QUEM CONTROLA SUA VIDA", publicado em dezembro de 2008)

A resposta para a questão que norteia este escrito não apenas não vai ser óbvia, como sequer vai fazer o menor sentido se você não leu o supramencionado texto, e nem necessariamente passou a ter algum grau de concordância com ele. A resposta para a pergunta do título é: uma sutileza que faz toda a diferença na sua vida.
Uma vez tendo-se pelo menos concebido que querer e decidir são coisas sutilmente diferentes, me permita partir do princípio de que você é o responsável direto sobre a maioria das coisas que acontecem com você. Além disso, vale lembrar, mesmo na minoria das coisas cujo responsável direto não tenha sido você mesmo, ainda assim havia quase uma totalidade de chances de que alguma decisão sua fizesse as coisas serem diferentes.
Do que estou falando afinal?
Aqui estou falando da crença, da fé. Estou afirmando que você, por meio da sua crença, foi o principal responsável por pelas coisas que aconteceram, acontecem e irão acontecer para você.
Não estou tecendo nenhum daqueles discursos religiosos ou receitas de manuais de auto-ajuda que muitos levam no bolso como um amuleto ou um consolo. Estou falando da fé sob o seu conceito puramente racional. Estou falando da crença e das suas causas e efeitos sob uma ótica real, pragmática, experimentalmente sólida e, me permita ousar, científica.
A relação entre a crença e a realidade é curiosamente uma via de mão dupla, com alguns aspectos curiosos. Vejamos porque:

A CRENÇA COMO FUNÇÃO DA REALIDADE

Na primeira e mais óbvia das vias, a realidade interfere no pensamento, e este por conseguinte na crença, como já sumariamente concebido com as primórdias reflexões sobre o pensamento desde Platão e Descartes. Pra ilustrar esta implicação realidade-crença, imagine que você abre a geladeira na casa de um amigo seu, percebe-a totalmente vazia, e conclui que ele não almoça em casa. Ou então você acorda subitamente, olha pela janela, vê o céu escuro, e conclui que ainda não amanheceu. Em ambos os exemplos, sua crença será, naturalmente, construída à partir da sua percepção da realidade.
Até aí tudo bem, se não fosse um fator nada óbvio: o que você percebe do mundo, através dos seus sentidos, seria exatamente o que existe no mundo, se não fosse o seu Córtex Cerebral. E este componente importante do cérebro - que curiosamente tem como uma das suas funções melhorar a sua "compreensão" da "realidade" - costuma fazer constantes alterações na percepção humana da realidade, como se fosse um fotoshop.
Outro aspecto curioso é que o o "reparo" feito pelo Córtex é altamente influenciado pela memória, pelo aprendizado, e principalmente pela crença, de modo que uma nova cena que lhe surja diante dos olhos e que lhe pareça absurda, corre um sério risco de ser "ajustada" para coisas que que pareçam mais naturais. Ou seja: nem tudo que você vê, ouve ou sente reflete 100% da realidade.
Não seria eu, entretanto, tão capaz de acreditar no parágrafo acima, se eu mesmo não já tivesse hipnotizado pessoas, e percebido que elas realmente "constroem" as fantasias que o hipnotista as ordena como se fossem a mais pura realidade. Não é um exemplo disto? Ademais, o que mais explicaria o fato de mutilados passarem ainda alguns dias sentindo dores ou outros incômodos no membro recentemente perdido?
Pois aí é que ganha uma torre no tabuleiro o o filósofo Immanuel Kant, com sua espetacular concepção de que, ao contrário do que costumamos crer, a realidade é algo muito mais interior do que exterior. Portanto, meu(minha) caro(a) amigo(a), em princípio, considero extremamente prudente que você deixe de acreditar em 100% das suas conclusões - inclusive aquelas baseadas na sua "percepção" do mundo - como se elas nunca se enganassem!

A CRENÇA COMO CAUSADORA DA REALIDADE

Pois agora tratemos da mais polêmica das duas vias: a crença interfere na realidade. É fato que uma idéia em que você acredita possui uma chance de se tornar real que é diretamente proporcional ao quão veemente você acredita nela.
Esta afirmação acima me soaria absurda, como pode parecer para alguns de vocês, se eu não já tivesse digerido algumas idéias que conheci, ainda durante a fase em que estudei hipnose. E olhe que nem estou pretendendo sequer tocar no assunto das idéias polêmicas da Lei da Atração de "O Segredo" que a gente acredita porque é tudo que a gente quer acreditar. E também nem estou me referindo às viagens de "Observador interferir no fato", ou de "Gato vivo-morto" da mecânica quântica, e estas outras coisas que a gente vive fingindo que entendeu só pra não parecer ridículo.
Quando falo que a crença interfere na realidade, estou mencionando o fabuloso resultado do trabalho do farmacêutico Èmile Couè, quando produziu seus estudos, e os publicou, em um livro em 1910, cujo legado positivo poderia abundantemente ser resumido apenas nos benefícios trazidos com os fundamentos da autosugestão consciente.
Couè descobriu, com suas experiências na virada do século XX, que uma parcela muito significativa das doenças das pessoas tinham causa nos seus pensamentos (hoje conhecidas como doenças psicossomáticas), ou então podiam ser curadas ou amenizadas com tratamentos que tinham como única ação terapêutica modificar a crença do paciente a respeito da doença. Curioso, não?
Mais curioso ainda é que, não pensava Couè, mas o seu trabalho não apenas trouxe uma grande contribuição para a medicina - uma contribuição ainda hoje infelizmente muito pouco explorada, talvez pela falta de conhecimento ou de confiança dos médicos e terapeutas. Mas o farmacólogo francês também deixou como legado alguns conceitos basais que são de grande importância para o entendimento dos processos que envolvem a mente humana. O principal destes conceitos, se resumido em uma única frase, poderia ser lido como:

"A imaginação sobrepuja a vontade"

Tomei a liberdade de sugerir que, o que Èmile Couè mencionava como imaginação, soa melhor e mais claro se entendido como crença (muito embora as duas coisas estejam bem próximas). Entenda-se desta frase que, por mais que você queira alguma coisa na sua vida, se você acredita em algo oposto, vai acontecer o que você acredita, e não o que você quer. E eis, aqui apontada, a sutil diferença entre QUERER e DECIDIR, conforme mencionado no começo: você decide aquilo em que acredita, e não aquilo o que quer.
O que se pode entender deste fenômeno é que, pela própria natureza do inconsciente, ele sempre se esforçará em interagir com a realidade em volta - a SUA realidade - de modo que a sua crença se consolide, independentemente disto ser ou não a sua vontade, e mesmo que para isso seja necessário lhe sabotar e aos seus interesses. Incrível?
Devo, portanto, concluir este texto dizendo o seguinte: quando você QUER uma determinada coisa, você apenas deseja ela. Por menos aceitável que possa parecer, isto pouco importará para que você atinja esta coisa. Mas quando você CRÊ, efetivamente, que é capaz de atingir uma determinada coisa, queira você ou não, o seu superpoderoso subservente, chamado inconsciente, fará tudo que estiver ao seu alcance (muita coisa, por sinal) para "cumprir" a missão de tornar esta coisa real na sua vida. E é aí onde surge a via de retorno entre crença e realidade.
Por fim, recomendo o seguinte: se você quer DECIDIR uma determinada coisa na sua vida - e não apenas continuar querendo e se lamentando por não conseguir - então torne ela realidade primeiro na sua imaginação, na sua crença. Convença a si próprio de que isto é possível, de que isto é a sua realidade. Esteja atento a seus pensamentos, seja honesto consigo mesmo, e procure perceber se de fato a sua vontade está se tornando concreta nos seus pensamentos, na sua imaginação, na sua crença.
Feito isto, nem precisa se preocupar em como tornar a coisa realidade: seu inconsciente fará isto por você!

domingo, fevereiro 15, 2009

GUIA DE VIDA - PARTE II

PENSAMIENTOS

2. Compreenda e aceite suas emoções.

Este não é o meu primeiro post sobre o assunto. Já houve um outro, mas talvez menos amadurecido e também menos focado do que este.

Esta vale se você, tal como eu, é uma pessoa frequentemente movida a tomar atidudes baseado no seu estado emocional - isto é, se você pertence ao conjunto da maioria das pessoas. Agir (ou deixar de agir) por causa de medo, euforia, raiva, entusiasmo, etc é certamente o mais comum que existe.

Não adianta negar as emoções. Primeiro porque elas são úteis. A natureza colocou emoções em você, com certeza, porque é necessário. Sentir medo numa situação de perigo, e raiva numa situação de luta onde você tenha condições de levar vantagem, faz parte do conjunto de estratégias de sobrevivência dos espécimes do reino animal.
Não adianta negar as emoções também porque é inútil. Emoções são arredias, e não costumam obedecê-lo pela negação. Pior ainda se a ciência de uma emoção desagradável lhe leva ou lhe mantém a um outro estágio emocional desagradável. Sobrepor as emoções com a razão é indubitavelmente um objetivo nobre e extremamente positivo, mas não é uma tarefa óbvia e trivial, porque as emoções são, naturalmente, arredias.
Emoção e razão são, respectivamente, como um cavalo e um cavaleiro, onde tanto um quanto o outro fazem parte de você mesmo. Não há como separar qualquer um dos dois da sua personalidade!
O cavalo é trivial e previsível, porém forte, ágil e impulsivo. O cavaleiro por sua vez é inteligente, sagaz, tem uma visão de longo alcance, e uma maior chance de tomar decisões corretas. Numa disputa qualquer, o cavaleiro é o mais provável de chegar à decisão mais sensata. Mas o cavalo tem a maior propensão a uma resposta rápida.
Se o cavaleiro tentar montar na emoção à força, ou tentar controlá-lo à base da discórdia, na disputa, ou na insatisfação, a única coisa que ele vai conseguir é deixar o cavalo mais rude ainda, e mais resistente. E aí você terá que admitir: o cavaleiro pode até ser mais inteligente, mas o cavalo com certeza é mais rápido e mais forte.
Para que o cavaleiro possa ter o controle do cavalo, entretanto, ele precisa primeiro conhecer bem o cavalo, e entendê-lo bem. Feito isso, é importante também que o cavalo se permita ser domado (lembre que o cavalo também faz parte você). E aí, talvez caiba o cavaleiro se tornar amigo do cavalo, fazendo com que este último confie-o, pouco a pouco, e se deixe domar. (nenhuma alusão ao processo de conquista de uma mulher...)
Portanto, se você, em qualquer circunstância que for, estiver sendo apoderado por uma emoção que por si só lhe desagrade, ou que esteja lhe movendo a agir (ou a não agir) conforme o almejado, procure compreender sua emoção, deixá-la serenamente acontecer, e entrar numa espécie de acordo com ela.
Não tente impor controle sobre seu estado emocional - faça emoção e razão entrarem num acordo. Faça-o confiar em você, tal como o cavalo aos poucos aceita o cavaleiro, até que o primeiro dê a este último a oportunidade de controlar a situação. Agindo desta forma, você tem a maior chance de chegar ao melhor resultado. Lembre que o racional tem "razão", mas o emocional tem energia e velocidade. A união dos dois pode ser sinérgica.

GUIA DE VIDA - PARTE I

PENSAMIENTOS

Esta publicação, que reunirei em um conjunto de posts, tem como objetivo trazer opiniões trazidas não apenas por mim, mas também por outras pessoas com quem venho trocando experiências. O objetivo é tentar mostrar dicas de como lidar com problemas rotineiros e comuns, no que tange à felicidade, à auto-aceitação, e às realizações social, profissional, afetiva, etc. Enfim, traçar um guia de estratégias para levar uma vida mais feliz.
Cada post trará um tópico apenas. Começo pela questão envolvendo os valores e princípios.
1. Identifique seus próprios valores e princípios.
Saber diferenciar o que você gosta do que não gosta, o que admira do que não admira, o que você respeita do que só finge respeitar - tudo isso faz parte do conjunto de valores de cada um. Num post anterior, através de um insight baseado em observações, apontei uma sugestão de como conhecer os valores dos outros. Neste, abordo a importância de conhecer aos próprios valores.
Esta etapa é fundamental para o auto-conhecimento. Sem ela, você corre o sério risco de continuar caminhando na direção do que as outras pessoas querem ou falam, e gerar um ciclo de frustração e infelicidade. E requer uma auto-percepção muito boa porque, por vezes acontece de que nossos valores não estão alinhados ao senso comum - e reconhecer isso não costuma ser simples.
Nem sempre o seu conjunto de valores vai ser exatamente igual ao do seu vizinho, nem ao do seu pai, e nem ao do seu irmão. Mas o fato é que buscar seus próprios valores é uma primeira etapa fundamental para buscar a felicidade, seja você quem for, e sejam quais for as escolhas que você tiver que fazer para a sua própria vida.
Se você tem um valor distorcido de seus próprios princípios - por exemplo, ser exageradamente ganancioso por bens materiais - saiba reconhecer isso em você mesmo. Até mesmo para tentar mudar um valor, é necessário reconhecê-lo. Jogar a sujeira para debaixo do tapete definitivamente não resolve o problema.
Mas, enfim, o fato é: observe-se minuciosamente, no seu dia-a-dia, cada ato, cada diálogo, cada contato social. Perceba sempre aquilo que acontece, aquilo que lhe agrada, e aquilo que lhe desagrada. Observe seus valores considerados corretos, mas também admita aqueles seus valores tidos como distorcidos. Isto é você!