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domingo, novembro 12, 2006

ESCASSEZ DA ÁGUA

PROFECÍAS

Este post inaugura a seção PROFECÍAS. O seu objetivo é predizer o futuro, no que tange à humanidade e ao mundo. Os fundamentos? Não importam. Até porque, se houvesse fundamentos, deixariam de ser profecias e passariam a ser previsões.

Em 60 ou 80 anos não haverá escassez extrema de água como se vê dizer por aí. Não vai haver pessoas de 40 anos com aspecto de 60 por beber meio copo de água por dia, substituindo o banho de água por higiene à base de óleo, nem usando roupas descartáveis, nada disso.

Aliás, há uma notável desinformação – ou distorção – quando se vê pregar que água está ficando escassa no planeta. Não está. Para onde a água está indo? Para Marte? Ou está havendo alguma reação química? Ou será que está se esgotando por estar sendo usada de maneira irresponsável, para abastecer os conspiratórios carros movidos a água?

Ora, a água que se esgota é a água doce – aquela que é própria para consumo – por desperdício e poluição de rios e outros mananciais. E o que se está em risco são estas reservas naturais de água em estado “pronto para uso” – ou quase – de onde as companhias de abastecimento extraem. E importante salietar, ainda haverão chuvas. Chuvas de água doce e, a menos que hajam problemas climáticos sérios, chuvas freqüentes.

Pois bem. Mesmo com grande demanda ou escassez de mananciais, A água salgada continuará existindo. O que acontece é que não desenvolvemos técnicas de dessalinização boas e baratas ainda, principalmente no Brasil. Até porque ainda temos muita água doce para explorar.

No momento em que houver uma eminência de crise, o homem vai desenvolver tecnologias de dessalinização e despoluição tão rapidamente quanto conseguiu desenvolver outras tecnologias e ciências durante os períodos de guerra. A prova disso é que, hoje, um país que lidera no campo da pesquisa sobre dessalinização de água é Israel, que a pouca reserva de água que tem é salobra.

O que mais provavelmente acontecerá de ruim é que o preço da água vai subir, e as pessoas – agora sim, com motivos evidentes – vão saber usá-la de maneira eficiente e racional. Mas como tudo tem seu lado bom, vai se gerar uma maior demanda de pesquisa e trabalho, o que provavelmente implicará em geração de emprego e renda.

sexta-feira, novembro 03, 2006

AUTOMATISMO

ECONOMÍA Y SOCIOLOGÍA
Nos dias de hoje, um fenômeno põe assustadoramente em cheque o mercado de trabalho, e em evidência o mercado produtivo. Um fenômeno que vem mudando radicalmente os nossos conceitos sobre a relação entre trabalho e produtividade. E esta revolução possui um nome: automação.

O controle da produção ser tomado por máquinas é algo que parece não se encaixar muito bem nas teorias de Karl Marx. Aliás, semana passada eu quase apanhei porque o considerei antiquado - mas é aí onde eu tento encaixar os termos. Meu argumento está um passo antes do sociológico. Vejamos o seguinte:

Por que o trabalho se faz necessário? Olhando pelo ponto de vista econômico, desde os tempos remotos, o trabalho tem existido como (única) maneira de transformar um determinado item com pouco valor de uso ou de troca, num outro item de maior valor. Isto é, transformar um insumo num produto.
Se você pensar no trabalhador de uma fábrica de calçados, por exemplo. Por meio de cortes, costuras e colas, o trabalhador transforma o couro bruto, de menor valor, em um sapato pronto para ser usado. Antes de compor o sapato, o couro, cola, pregos e fios valiam dez reais. Após unidos e organizados, e uma vez concluído o sapato, ele passa a valer quarenta. Isto quer dizer que o trabalho foi quem foi capaz de transformar um item de R$10 num outro de R$40.

Pois bem que, no modelo capitalista formulado por Marx, o capital parece ser essencialmente dependente do trabalho. Marx condenava o capitalismo por causa da mais-valia, por julgar injusto que o trabalho produtivo – até então o único responsável pela transformação econômica do bem produzido, segundo seu o ponto de vista – tenha remuneração inferior, ou tão inferior, ao valor de venda do produto.

Pois bem que agora eu justifico o meu adjetivo ao Messias dos Socialistas. No meu entender, a falha de Marx é que ele não viveu o bastante para presenciar um sistema onde se produza riqueza sem depender da atividade humana. Hoje, em qualquer empresa, ainda depende-se de algum trabalho, amanhã de menos ainda, e no futuro, talvez, de nenhum.
A necessidade de mão-de-obra humana na produção é algo cada vez menos evidente. Se observarmos as empresas de hoje, comparando-as com as de antigamente, o que veremos são muitas máquinas, muitos computadores, e pouca gente trabalhando. Compare uma esteira pipeline de uma fábrica de automóveis do século XXI com outra das de cinqüenta anos atrás. Antes, eram milhares de operários. Hoje, eles foram substituídos por centenas de robôs. E isto é uma realidade que não dá mais pra voltar atrás. Seria como remar contra a correnteza.

Pois bem que um aspecto que mantinha até pouco tempo atrás o trabalho humano como insubstituível é a inteligência. Isto é, qualquer trabalho, por mais braçal que este fosse, se ele é – ou era - bem realizado por um ser humano, é porque a inteligência humana, com o seu conjunto de ações seqüenciais e organizadas e as suas decisões corretas, faz com que a produção seja (ou fosse) mais eficiente, mais segura e mais eficaz do que se o homem não estivesse presente.

Entretanto, um elemento chamado computador – capaz de reunir algumas destas características antes puramente humanas – quando aliado a um conjunto de máquinas eletromecânicas, permitiu substituir a intervenção humana na solução de determinadas classes de problema. Algumas ações, antes vistas como “inteligentes”, passam a poder serem executadas por esta combinação tecnológica, que ganha o singelo nome de Automação.

Imagine agora uma empresa do futuro: com um dono ou uma sociedade anônima, pouquíssimos funcionários ou nenhum em cargos gerenciais, e toda a parte operacional sendo executada por máquinas, cada vez mais inteligentes. Máquinas produzindo coisas, máquinas transportando coisas, máquinas tomando decisões a partir de equações de otimização. Máquinas até mesmo consertando outras máquinas. Surreal? Parece Exterminador do Futuro ou Matrix, não?

Pois então. Este fenômeno anuncia um novo modo de produção que vem criando forma e densidade a partir das últimas décadas do século XX, e que algum estudioso, possivel seja, chamará de Automatismo. E aí, neste caso, o julgamento sobre a relação entre capital e trabalho perde o sentido. Como falar de mais-valia sem existir exploração do trabalho?
Sob o ponto de vista produtivo, não há como negar que o inevitável fenômeno da automação faz surgir muito mais ganhos do que perdas. Máquinas em geral falham menos do que seres humanos, não cobram salário, não faltam trabalho, não reclamam, e de quebra ainda costumam ter uma produtividade maior do que a dos trabalhadores.
Porém, sob o aspecto social, ela causa um problema devastador: automação leva muita gente ao desemprego e, às vezes, ao profundo abandono. E agora? Como lidar com isso? Tentar estimular as empresas a abandonarem suas máquinas e recontratarem pessoas é uma mera perda de tempo.
Entretanto, pelo menos neste momento em que as máquinas não dominaram o mundo, as classes de trabalho que começam a serem substituídas por elas são aquelas mais repetitivas e que requeiram uma menor quantidade de decisões humanas (que tendem a ser computacionalmente mais complexas) na sua realização. Logo, se a população que está sendo excluída deste mercado de trabalho não tiver condições de se prepar para ocupar outras funções de maior perspicácia humana, o governo será o principal culpado.

Agora tem um outro aspecto controverso. Observando a economia pelo âmbito das mercadorias, surgem, em decorrência disto, hipóteses interessantes. Se considerarmos que o principal consumidor da maioria das mercadorias produzidas – inclusive aquelas produzidas com automação – é o trabalhador, vamos nos deparar com um monte de desempregados que não terão poder de compra destes produtos. Em muitos tipos deles, por falta de demanda, seus preços poderão cair.

Por outro lado, o notável aumento da capacidade produtiva proporcionado pela automação faz com que os custos de produção caiam também. Daí, por conseqüência, baixar os preços, no pior dos casos, já não corta tanto a carne de quem produz.

E quanto a mim? Que final eu espero para esta novela?

Ora, eu sou um sonhador. Eu sonho com um futuro com automação total, repleto de máquinas, produzindo exatamente (ou um pouco mais) o que todo mundo precisa consumir para sobreviver, e distribuindo-os de graça. Ou pelo menos a preços muito menores do que os de hoje. Não sou comunista, mas sempre me pego a pensar em benefícios para a sociedade como um todo.
E o que pensar dos trabalhadores que desde já vêm sendo substituídos por máquinas? Que sejam educados e treinados para exercerem funções mais humanas e menos mecânicas, que neste caso estarão dando uma grande contribuição para a sociedade, como é o exemplo da pesquisa. Para nosso consolo, ainda existem determinadas classes de atividade que segundo a Inteligência Artificial, os computadores não são capazes de realizar.