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domingo, agosto 21, 2005

IMPEACHMENT? DÁ LICENÇA, MEU!

POLÍTICA

Essa estória de Impeachment, “o povo é que tira o presidente do poder”, “viva a ética e a democracia...” Dá licença, meu. Não é o povo que vai botar ou tirar o presidente do poder. Nunca foi. Essa estória de democracia, com o perdão do radicalismo e da palavra, é uma farsa. Uma grande farsa.

Se você parar pra refletir, dá pra entender, sem muita dificuldade, que o que mantém Lula - um cara bem relacionado, bastante influente e de boas relações exteriores, enfim, praticamente um ícone da diplomacia - no poder hoje, em meio a tanta corrupção encontrada no PT (repito que não é nenhuma novidade deste governo), é exatamente o mesmo motivo que fez Collor sair do poder em 92: interesses comerciais.

Interesses comerciais porque, verdade seja dita, não é o povo que governa o país. O povo é uma grande massa de manobra – como os comunistas, espécie em extinção, adoram dizer. Quem governa o país são os grandes empresários. Não existe nenhum instrumento que mais represente o poder do que o próprio dinheiro.

Estamos habituados a ver no poder – e desafio qualquer um a contestar, se for capaz – aqueles que tiveram uma boa campanha política. E quando falo em boa campanha política, estou falando da mais gorda, mais vasta, que distribui camiseta, material de construção, vaga de terceirizado no estado, que sai no comercial do Jornal Nacional, passa na rádio o tempo inteiro, e fica durante os 3 últimos meses antes da eleição enchendo o inconsciente do povo com “as cores da bandeira do candidato”. Tudo fica mais fácil quando se tem dinheiro. Inclusive manipular o povo.

Se não é assim, então porque diabos Lula não foi eleito em 1989? E nem em 1994? E em 1998? Francamente. Se você juntar as peças da máquina eleitoreira do PT em 2002 – Duda Mendonça, Aliança com o PL, Alianças Comerciais e um Marketing pra lá de surpreendente – só se chega a um motivo: dinheiro. Então vamos parar com essa conversa fiada de democracia.

Até dá pra ver uma minoria de eleitores com um mínimo de capacidade de discernimento. E esta minoria – que, por ironia ou não, continua defendendo que Lula não deve sair do poder – é composta por estudantes, integrantes da classe média, universitários, enfim: gente que teve alguma dose de educação. E a educação não é nada interessante para os que vivem no poder. Tanto que ACM continua mandando na Bahia, e pelo menos 95% do eleitor que vota nos seus candidatos varia do miserável-analfabeto ao pobre pouco-instruído.

O que tem que ficar bastante claro é que povo não decide nada. Nunca decidiu. Pelo menos nunca decidiu nada diretamente. De nada adianta falar em democracia, onde a grande maioria de votantes não tem a menor consciência política. Aliás, esta maioria não têm a menor noção do que significa “consciência política”. Democracia, por mais irônico e absurdo que seja, seria tirar, dos analfabetos e dos pouco instruídos, o poder do voto. Aliás, este poder nunca foi deles mesmo...

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