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domingo, agosto 07, 2005

PENSO, LOGO EXISTO?

PENSAMIENTOS Y REFLEXIONES


A famosa frase acima, conhecida pela autoria de René Descartes, diz respeito à consciência. A consciência do homem, que o leva à reflexão e à auto-reflexão, que o torna uma entidade individual, única, um ser nobre, superior, autocrítico e transformador. A tão soberana consciência, que torna o ser humano “capaz de fazer a única diferença significativa”, como sugere Pagano.

Mas afinal, o que é mesmo a consciência? Quem será o grande sábio dos sábios que de fato conseguiu definir esta palavra? Este me parece ser até hoje um dos grandes enigmas da humanidade, apesar de ter gente por aí, fazendo ar de guru, e se dizendo capaz desta façanha...

O que de fato nos faz humanos? Como podemos dizer que somos conscientes, e que um animal, com seus atos, não o é? Eis aí algo que valeria a pena responder. E para responder isso, é importante estabelecer a diferença formal (com grifo e em itálico), em termos de propósitos, entre os atos de uma pessoa e os atos de um animal. Depois de muito pensar, pensar e pensar, conclui-se: não há muita diferença.
O que se pretende dizer com isto é que, no momento em que nos comparamos com outros seres ‘inferiores’, corremos o sério risco de concluir que muito do que fazemos - e que rebeldemente julgamos como ‘superior’, ante a uma mãe-natureza repleta de seres não-inteligentes - seguem um determinado padrão de comportamento. E este padrão traz uma ligeira lembrança ao comportamento animal, no que tange à própria manutenção da vida: procriação, manutenção da espécie, luta por sobrevivência, dentre outros. Enfim, pensamos que pensamos.
A grande questão talvez seja que não há um limite bem definido que separe o que é consciência do que é não-consciência, assim como não existe, formalmente, um conceito que defina a palavra inteligência. E esta falta de rigor na definição dos limites - onde começa uma coisa e onde a outra terminha - acaba contribuindo para a fragilidade dos conceitos. Como poderemos afirmar que somos algo que sequer sabemos direito definir?
É talvez tão frágil a idéia da consciência quanto o é a fé, quando cogita a pós-morte. Temos dezenas de diferentes crenças na manutenção da consciência após o momento fatal - céu ou inferno, espírito, reencarnação, entes que pairam sobre a Terra, paraíso, etc – todas trazendo, em si, uma certa alusão ao medo da morte. Talvez porque a morte sugere um trágico e inaceitável final da tão estimada consciência do ser humano. O que realmente há depois de deixarmos este plano? Não faço a menor idéia, e nem arrisco sugerir.

O que realmente posso afirmar é que somos um bando de ousados, arrogantes e prepotentes. Até porque se julgarmos nosso comportamento enquanto seres humanos – seres supostamente superiores – e todas as atrocidades que cometemos, veremos que estamos, por fim, buscando a satisfação de prazeres e objetivos que, de humanos, propriamente ditos, nada há. É como diz o sábio Washington Araújo: “Arrotamos cultura enquanto satisfazemos aos nossos instintos”.

E o que pensar dos Computadores, Sistemas Inteligentes, Mecatrônicos e Robóticos? E da própria Inteligência Artificial em si? O quão longe estamos de desenvolver um Sistema Inteligente, que possa pensar, refletir e conceber a sua própria existência? Será que uma máquina nunca receberá o rótulo de ‘consciente’, como vêm pregando e advertindo os autores de Matrix, Inteligência Artificial, Exterminador do Futuro e outras produções do cinema?
Por fim, é difícil estabelecer se somos seres conscientes ou não. É muito ousado concluir se tudo o que pensamos – ou que pensamos que pensamos – realmente nos torna seres individuais. Mas é no mínimo mais cômodo acreditar na nossa própria existência, enquanto seres de livre arbítrio, do que que sejamos meramente um conjunto de moléculas e eventos eletroquímicos, que respeitam mais às leis da biologia, da química e da física – tornando-nos meros fenômenos previsíveis – do que aos tratados de filosofia ou às leis dos homens.

De uma coisa, porém, dá pra ter certeza. É melhor viver tranquilo na simplicidade das ilusões, da fé, dos dogmas, ou até mesmo das mentiras, do que se martirizar com dúvidas ou conclusões amargas, oriundas de cadeias excessivas de raciocínio lógico – ou ilógico. De pensar morreu o burro. A ignorância traz a felicidade.

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