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quinta-feira, agosto 10, 2006

BLOCOS DE CARNAVAL

SOCIEDAD

Há algumas décadas atrás eles não existiam. As pessoas brincavam na rua, atrás do trio elétrico, sem se preocuparem com a violência que, ao que se conta, não existia no carnaval de Salvador.
Para muitos carnaturistas (aquele tipo de turista que vem aqui somente nesta época do ano), o o Carnaval de Salvador é uma grande festa do acasalamento. E o bloco para ele é a circunferência que delimita o escopo de seu impacto hormonal. O que, convenhamos, visto sob essa ótica, não chega a ser de todo ruim. A coisa tá tão bem valorizada no mercado que tem gente que divide o abadá em até 12 vezes com juros.
Mas um aspecto interessante do bloco de carnaval é que ele retrata, com uma estúpida fidelidade, a organização e as divisões socio-econômicas da nossa sociedade. Em relação a ele, são encontradas basicamente três classes diferentes:

1. A elite, que possui dinheiro suficiente para comprar os abadás e poderem se divertir com a tranquilidade de quem reside uma fortaleza com muralhas altas. A elite privatiza a área, digamos assim, nobre em relação ao trio, e fica separada das massas populares por meio do cordão;
2. A pipoca, termo técnico usado para definir a multidão popular pulante, normalmente composta por pessoas que compõem as camadas mais baixas da pirâmide socio-econômico-cultural. Estatistamente a pipoca detêm índices quase absolutos de violência, e fica separada dos blocos por meio dos cordões.
3. Este é o mais interessante de todos: o cordão. Trata-se de uma corda grande, circular, com início atado ao final, e comprido o suficiente para caber, com mínima folga, um trio elétrico, um carro de apoio, e uma quantidade devidamente provisionada de foliões em estado de entropia.

Esta corda fica preenchida, em toda a sua extensão, pelos chamados cordeiros - que são essencialmente pessoas das camadas mais baixas da sociedade. Estas pessoas se predispõem a ganhar uma quantidade ínfima de dinheiro para trabalhar como "muralha humana" - e aí é que vem a parte interessante da estória - separando o povo da sua própria classe de origem da elite a quem eles devem honrar o seus mínimos e generosos proventos.

Será que esta hierarquia, e sobretudo este último papel, lembram alguém ou alguma coisa na nossa sociedade?

4 Puedes hablar:

Blogger Vinnodha O Polêmico said...

vejamos:
Pólis=cidade
Politia= pólis militia
Politikos=aqui encontramos duas variantes: I)cidadão. II)muro da cidade(polis lithos=bloco de pedra)
Como vemos, a semântica influencia no comportamento psico-social. o mais interessante aqui é que os guardiões da cidade(polis militia) atualmente são líderes corruptos, nos antigos estados gregos eles se comprometiam a viver de acordo com as leis que elaboravam para o bem estar do povo, hoje eles se comprometem a viver de acordo com as leis que eles criam para o bem estar próprio.
Os atuais cidadãos, não possuem mais os poderes legislativos de outrora. daqui tambem saem os "lithos" aos quais o amigo se refere ao final do texto.

quinta-feira, agosto 10, 2006 5:16:00 PM  
Blogger Vinnodha O Polêmico said...

muito interessante o título.

quinta-feira, agosto 10, 2006 5:19:00 PM  
Blogger Desavexando said...

menino...

q texto, hein?!

amei a metáfora

domingo, agosto 13, 2006 1:06:00 PM  
Blogger Unknown said...

De onde você é, Mamy?

segunda-feira, agosto 21, 2006 11:58:00 PM  

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