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terça-feira, setembro 05, 2006

COMUNISMO OU SOCIALISMO?

POLÍTICA Y SOCIOLOGÍA


Pregar Carl Marx é sublime, é nobre, é culto. Não é preciso nem saber bem a sutil diferença entre comunismo e socialismo – até porque, tirando os que não sabem, sobra os que acham que comunista come criancinha.

O mais importante, tenho visto, é que parecer culto ante a um mundo ignorante, soa como um oásis no deserto da generalizada e inconformada pobreza. Uma miragem, aliás. E de quebra, pregar socialismo, num mundo arduamente capitalista, pode ainda dar a falsária boa impressão de ser pobre por opção.

Há exatos dez anos atrás, na minha adolescência, quando eu ainda frequentava o PC do B e andava em movimento estudantil, comecei a ter as minhas primeiras decepções políticas. Não as decepções de saber que o congresso não presta, a direita é manipuladora, a burguesia fede, blá blá blá, nada disto. Uma decepção que, normalmente, vem num estágio posterior.

O problema começa no fato de que a cúpula partidária – digo, intelectual – que organizava aqueles pensamentos, não parece no final das contas acreditar neles. Os fins justificam os meios, como dizia Maquiavel. E o consolo de um pensamento socialista nas cabeças de uma facção de cultos por opção parece, sim, um bom meio. Um meio eleitoreiro.

Na realidade, a grande maioria dos comuno-socialistas (ou seria social-comunistas?), para desgosto deles mesmos, está mais para filhos de burgueses do que os chamados barõezinhos do PFL jovem. Ciro Sapucaia tem toda razão quando diz que a burguesia, por história e por conceito, tem muito mais de trabalhadora do que de nobre.
O curioso disto tudo é que esta mesma prole burguesa, que prega Marx – embora sequer tenha lido os dois primeiros capítulos de O Capital – usava de certa acidez para pronunciar, contra o eleitorado dos seus arqui-rivais, uma expressão que ironicamente também poderia ser aplicada a ela mesma: massa de manobra.

Neste aspecto, em contraposição ao comentário de Bárbara – pensamento direcionado apenas aos socialistas do shopping center – eu generalizo. O pior de tudo não é ser socialista e comer Big Mac, e tampouco não saber exatamente do que se está falando. O mais perigoso é participar de algo em que não se sabe, na prática, quais os seus reais propósitos.

Pois bem. Agora tratando de ideais políticos, o mundo não tem caminho de volta. A idéia de implantar qualquer um dos dois sistemas – comunismo ou socialismo – no Brasil, se deixasse de ser uma grande piada, passaria a ser um grande desastre. E culpar o capitalismo pela miséria do mundo é uma espécie de fanatismo ideológico. Desenvolvimento industrial não existe sem capitalismo, e o próprio desenvolvimento industrial contribuiu, e muito, para a diminuição da miséria. Como contestar a uma afirmação destas?

E aquele garoto que queria mudar o mundo – como dizia o controverso socialista da alta sociedade – sai da adolescência e começa a trabalhar. Passa agora a entender certos processos da economia, só que olhando por outros ângulos. Passa, também, a entender um pouco mais o mundo. Daí, por generalidade, descobre que comunismo é um sistema econômico utópico e retrógrado, ao mesmo tempo que o socialismo, na maioria das culturas, não daria nenhum suporte ao desenvolvimento.

Por fim, você conclui: Eu até posso ter alguma vocação para ser socialista. Mas o meu suado dinheiro, não.

3 Puedes hablar:

Anonymous Anônimo said...

Muito pertinente este post, em tempos de eleição chegando, porque não adianta querer votar nulo já que nenhuma opção presta, passando a responsabilidade pra geral.

quarta-feira, setembro 06, 2006 11:09:00 AM  
Blogger Unknown said...

Opinar sobre política é o que há...

quinta-feira, setembro 07, 2006 5:39:00 PM  
Blogger Babs said...

Concordo com tudo que foi dito. Absolutamente!
Satanizar o capitalismo é no mínimo ingênuo.

sábado, setembro 09, 2006 10:17:00 AM  

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