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sábado, dezembro 24, 2005

VOCÊ ACREDITA EM DESTINO?

PENSAMIENTOS Y REFLEXIONES


Destino é um tema polêmico. Há quem acredite e há quem repudie. Para alguns, suficientemente acomodados ou convictos da supremacia da vontade divina, seria cômodo. Para outros, que não gostam de ter a sensação de que não controlam suas próprias vidas - como Neo, da trilogia Matrix – seria um grande tormento.

Destino tem a ver com causalidade. É poder prever um determinado fato com base nos eventos que lhe antecedem. E a causalidade é base de inúmeras escolas do conhecimento - tais como a lógica, a física, a química, a biologia e a filosofia - que têm buscado, muitas das vezes com grande sucesso, explicar ou modelar o mundo.

Se você tentar observar o mundo desta maneira, verá que a causalidade é quase que inevitável. O fato de eu ter escrito este texto, por exemplo, pode ser visto como uma conseqüência deste assunto ser polêmico. Este fato, por sua vez, poderia ter causas anteriores, como as citadas no primeiro parágrafo, etc. Tudo tem uma causa, e tudo tem conseqüências.

É fato que qualquer evento do universo pode ser modelado com base em causas e conseqüências. A implicação para uma determinada conseqüência pode envolver, como causa, desde poucos elementos participantes, até o universo inteiro. E qualquer cadeia causa-efeito pode ser destrinchada no sentido inverso até se chegar à origem primordial: o big bang para os cosmólogos, ou o primeiro dia da criação divina, para a Igreja.

Mas um universo puramente causal não daria margem ao acaso. Isto porque a palavra acaso, oriunda do latim: a - não; caso – causa, vai de encontro ao determinismo. Não se conceberia a ocorrência de um evento no universo, que não fosse causado por um outro pertencente a este mesmo universo. O aleatório neste modelo não teria espaço.

Pense mais ou menos o seguinte: quando você joga um dado numa mesa, a face que cairá voltada para cima não é de todo imprevisível. Se pudéssemos avaliar todas as variáveis envolvidas no lançamento de um dado - desde a direção e velocidade de cada molecula de ar naquele instante, até a lisura da superfície da mesa - será plenamente possível prever o seu resultado. O problema, entretanto, é que estas variáveis são tão numerosas que podem ser infinitas.

A Teoria do Caos toca neste assunto. Ela sugere que todo evento ocorrido num determinado momento seja uma função ou conseqüência de eventos ocorridos num instante anterior. Determinadas ocorrências, que quando vistas aos nossos olhos de compreensão limitada se parecem com um cenário desordenado, teriam padrões de ordem bem definidos. O caos aí, portanto, nada tem de caótico.

Bom, sendo assim, se tudo é causal então nada é aleatório. O caos seria apenas um modelo simplificado que o homem faz do mundo com base no seu entendimento dele. E o seu entendimento, vale observar, é algo bastante restrito. Ao nível de ordem que não somos capazes de compreender, damos o nome de caos.
Pois então que a física clássica, na essência a qual conhecemos, não se fundamentaria em eventos randômicos, mas sim em relações concretas e bem definidas entre seus eventos. Se considerarmos que as outras ciências naturais estão direta ou indiretamente sustentadas na física, então o acaso não existiria para nenhuma delas. A menos, é claro, para a física quântica. Aí já é uma outra novela, muito mais polêmica ainda.
Se o raciocínio for levado adiante, conclui-se que tudo que acontece no universo já estaria escrito pelos eventos anteriores. Os seus pensamentos e decisões se resumiriam a meros fenômenos elétricos, químicos e biológicos. Você pensa que pensa, e nada mais do que isso. Suas decisões já estariam escritas. Seus atos, tais como conseqüência das suas decisões, seriam de igual maneira previsíveis. E você seria apenas uma marionete do destino.

Não estou querendo fazer terrorismo, nem mudar radicalmente o pensamento de ninguém, e nem tampouco incentivar o comodismo da apática expressão “está escrito”. O que eu proponho aqui é só uma reflexão sobre em até que ponto podemos ou devemos chegar com as profundezas da investigação. Até onde é permitido tentar entender o mundo, se é que isto fará alguma diferença, na hipótese de tudo já estar escrito.

E antes que você me pergunte, eu previsivelmente respondo: não, eu não acredito em destino. Prefiro acreditar que controlo meus atos. No pior dos casos é mais cômodo.

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