A PIADA DO ANO
POLÍTICA
A piada do ano, como não podia ser diferente, saiu do Correio da Bahia. E foi escrita por um jornalista que sequer teve a - ou se sentiu na - importância de assinar a matéria, apesar de eu muito procurar o nome do bendito. A grande piada, na verdade, é o Correio da Bahia tentando pregar moralismo sobre desvencilhar jornalismo de partidarismo.
Pra quem não sabe, o Correio da Bahia é um jornal do grupo Rede Bahia, pertencente a Antônio Carlos Magalhães Júnior e família. O seu conteúdo jornalístico - sobretudo o das páginas sobre política - é resumido em que cada dez palavras no texto, três são Antônio, Carlos e Magalhães; as outras sete são lindo, gostoso, maravilhoso, vitaminado, inteligente, magnífico e sensual. A sua maior função na sociedade é a de vender enciclopédias e brindes para assinantes.
A matéria pode ser encontrada no site do Correio da Bahia. Mas como eu imagino que eles vão tirar logo do ar, segue abaixo o texto na íntegra, com grifos em vermelho nas partes interessantes. A ironia do dito nos trechos na verdade é quem está dizendo.
Jornalismo caolho
Ninguém questiona a opção preferencial do jornal A Tarde pelas oposições, o PT de Nelson Pellegrino em 2004, o PMDB de Geddel Vieira Lima em 2002 - só para lembrar os candidatos do jornal nas duas últimas eleições. Questão de gosto, péssimo gosto. Os baianos, ao contrário - e o resultado das urnas comprovam - preferiram manter longe do poder os aventureiros. Que A Tarde tenha suas preferências, mesmo equivocadas e fundadas em interesses menores, é até compreensível. O que não é aceitável é que distorça fatos, escamoteie a verdade, que engane, desinforme. Além de não contribuir para a formação do cidadão, perde credibilidade, míngua sua importância na sociedade, com a fuga crescente de leitores.
O relato jornalístico da expressão política na Lavagem do Bonfim é um bom exemplo desta distorção. O que foi descrito não guarda nenhuma relação com os fatos, e todos que estavam presentes - inclusive as partes agraciadas - bem sabem. As "oposições ao governo marchando unidas", o Senhor do Bonfim não testemunhou na caminhada de quinta-feira. Só o jornalista do ex-vespertino da Praça Castro Alves enxergou, embora seja também um desejo das forças governistas, pois derrotariam o saco-de-gatos de uma vez, evitando um improvável segundo turno nas eleições.
Mas o fato é que não houve marcha unida da oposição, ao contrário. E o prefeito João Henrique Carneiro, para evitar papagaios-de-pirata e companhias indesejáveis que imaginavam receber um bafejo por conta de sua popularidade, os manteve a distância com uma estratégia prosaica: em vez de caminhar, correu. Perdeu o fôlego, é verdade, mas deixou pelo caminho ex-isto, ex-aquilo e uma dúzia de pretensos candidatos ao futuro.
Já no relato sobre a participação dos políticos ligados ao senador Antonio Carlos Magalhães e ao governador Paulo Souto, o jornalista de A Tarde, com o mesmo objetivo, não enxergou ou ouviu os aplausos, o carinho com que foram saudados pelos populares na Cidade Baixa e na Colina do Bonfim - imagens que foram repetidas exaustivamente nos diversos telejornais. Ao contrário dos fatos, preferiu cair no ridículo e dizer que avistou uma "larga distância" entre os participantes do grupo.
Como dissemos no início, não há porque questionar a opção de A Tarde pelo que há de pior na política baiana. Até porque, só tem acumulado derrotas nas últimas eleições, uma vez que os leitores eleitores não são tolos para se deixar enganar. Mas ao distorcer os fatos, deixa de fazer jornalismo, perde credibilidade e acelera o passo rumo à decadência. É o preço da irresponsabilidade.
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