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quarta-feira, novembro 30, 2005

UNIFEST II

BUENA MÚSICA

De uma maneira geral, fiquei bastante realizado com o UNIFEST II. O memorável evento patrocinado pela Petrobrás, já na sua 2a. edição, é uma grande iniciativa à nossa cultura. Apesar de acidentes ocorridos na grande final (mais uma prova da inviolabilidade da Lei de Murphy), sobretudo durante a apresentação da atração do dia *Lampirônicos*, o evento não perdeu o seu brilho.

É inevitável que se comente sobre a ascenção do festival, não só em termos de infraestrutura e de participantes (foram 250 inscritas, segundo nota de imprensa divulgada pela organização do festival). O altíssimo nível das músicas apresentadas este ano, e a massiva e calorosa participação do público também foram surpreendentes. Fiz e reforcei amizades neste período de aproximados trinta dias, principalmente com alguns de nossos concorrentes.

Apresentamos "A Lei de Murphy é Inviolável", composição de Emerson Leal e Washington Araújo. A canção foi defendida por Emerson Leal e a Oda Mae Brown, com participação especial do saxofonista Léo Couto e do trumpetista Aloysio Telles (meus sinceros agradecimentos a estas duas feras!). Surgiu uma certa polêmica, pois como esperava Murphy, alguns (coincidentes) problemas ocorreram no palco, no último dia. Ela conquistou muita simpatia do público, e recebeu a quinta colocação.

Parabenizo a Marcelo Hamilton de Jesus & Banda 3a. Ordem, pela premiação e pelo seu trabalho. Parabenizo também aos dois segundos lugares (apesar de que não consigo entender a matemática de dois segundos lugares), a belíssima canção "A Dor e o Mar" de Marco Feitosa e a não menos prestigiável "Kamikaze" de Dário Moreira. Parabéns também à inquestionável melhor intérprete Ana Paula Albuquerque. Todos os prêmios foram mais do que merecidos.

Também não poderia deixar de parabenizar e agradecer ao célebre júri, composto por respeitosos nomes da música baiana. Dentre eles, estava o grande instrumentista e compositor Armandinho que, como um exemplo de reconhecimento e simplicidade, não hesitou em distribuir duas merecidas notas 10 (dez) entre os concorrentes do evento.

MAIS OU MENOS INTELIGENTE

COMPORTAMIENTO HUMANO
Se você acha que alguém se sente mais inteligente que você, e se isto lhe incomoda, então tente:
1) Cogitar a possibilidade de estar subjulgando a liberdade de expressão alheia. Particularmente, eu continuo não acreditando em pessoas mais ou menos inteligentes (mesmo após ter respirado novos ares profissionais!). Acredito em habilidades diferentes.
Também não acredito em testes de QI como medida de inteligência. Se eles realmente funcionam, então devem medir apenas as habilidades lógico-matemáticas. Limitar o termo inteligência a este conjunto restrito é uma mesquinhez de pensamento.
2) Observar quem mais, além de você, compactua com esta mesma impressão. No caso deste número ser grande, isto pode significar que você tenha razão. Caso contrário, o problema pode estar em você.
Em todo caso, procure sempre evitar influenciar os entrevistados com a sua opinião. E tente mensurar a sua própria necessidade de tentar reunir votantes, pois se ela é grande, pode ser bastante preocupante.
3) Assegurar-se de que este seu incômodo não seja um sintoma de uma necessidade sua de se sentir mais inteligente que o acusado. Parece irônico mas, em tese, suas próprias qualidades e a sua auto-estima não deveriam dar margem a desprazeres deste tipo. Em caso afirmativo, você precisa rever o seu comportamento.

sábado, novembro 26, 2005

INSÔNIA

SALUD
A insônia é um problema que ataca milhões de pessoas em todo o Brasil e no mundo. Trata-se de um distúrbio que, provocado pelos mais diversos motivos, resulta na falta de sono durante à noite. E durante o dia, por consequência, a vítima tende a apresentar sonolência, para terminar de desgovernar o seu ciclo do sono.
Dentre as causas da insônia, as mais comuns - tenho visto - são a preocupação e a ansiedade. Enfim, o sujeito que sofre ou passa por este tipo de problema, na maioria dos casos está passando por alguma inquietação ou tormento, brando ou severo, temporário ou definitivo, mas que não o deixa se sentir relaxado. E Como dormir é um passo que sucede o relaxamento, a noite se torna longa.
Este desconforto pode ser por exemplo uma experiência ruim que a pessoa esteja passando, uma prova de escola ou vestibular iminente, problemas financeiros, ou problemas no trabalho. Até mesmo a preocupação em não conseguir acordar no dia seguinte a tempo de honrar um compromisso tem sido comum.
Estranho ainda é que muitos destes casos de insônia por ansiedade, ocorridos com pessoas com quem já conversei sobre este tipo de assunto (e que já ocorreram comigo, inclusive) são consequência da própria preocupação em não conseguir dormir. Ou seja, o acometido fica tão ansioso por dormir que acaba perdendo o sono.
No meu ver, e pela minha ínfima experiência no assunto, a melhor maneira de se livrar deste tipo de insônia é, acima de qualquer coisa, relaxar. Não dar a mínima para o compromisso do dia seguinte, nem para os problemas, e tampouco para a falta de dinheiro. O curioso é que, depois que você esquece que está tentando dormir, você simplesmente dorme. E nem percebe.
Se esta tarefa não lhe parece fácil, uma boa maneira é tentar se distrair, enquanto se submete ao ritual ao encontro de Morfeu. Ouvir música enquanto tenta dormir funciona bem, de preferência se conseguir programar o som para se desligar sozinho após algum tempo. Talvez aí você encontre utilidade para aquele CD de Enya que você ganhou e não gostou.

quarta-feira, novembro 23, 2005

EXEMPLO DE CONDUTA

POLÍTICA

Antonio Palocci parece uma das provas vivas do exercício da multidiciplinaridade. Ministro da fazenda desde 2003, ingressou na política como vereador de Riberão Preto. É formado Médico Sanitarista pela USP.
Durante o exercício no ministério, sempre transpareceu a segurança de quem sabe o que está fazendo. Ao contrário de muitos ministros da fazenda que já passaram pelo planalto, não prometeu fazer nenhum milagre.
A sua política econômica, aparentemente conservadora, deu margem aos oposicionistas tecerem críticas coléricas, tais como "a única coisa que se salva deste governo, por continuar com a política implantada no governo FHC".

Parece não gostar muito de alardes. Ao contrário disso, sempre rebate as críticas com alto nível, com segurança nas respostas, com diplomacia, serenidade, bom senso, e sobretudo com bons discursos. Nas ações de mérito, costuma usar "nós" no lugar de "eu", e "todos" no lugar de "nós".
Evita respostas desnecessárias, como um evidente habilidoso na arte do silêncio. Sempre passa ileso por entre as brigas e bombardeios, muito embora seja um alvo quase que constante, sobretudo durante a crise.

Eis aí um exemplo de conduta e de diplomacia. Deixo aqui o meu reconhecimento ao seu mérito.

quinta-feira, novembro 17, 2005

DDE

INFORMÁTICA Y TECNOLOGÍA

DDE é a singela sigla que abrevia Distributed Data Engine (Mecanismo de Dados Distribuídos), o mais novo projeto em que estou envolvido. Trata-se de uma especificação, proposta para o desenvolvimento de um novo módulo de persistência para o Banco de Dados MySQL. Este software (freeware, aliás), vale lembrar, é o Sistema de Bancos de Dados opensource e mais popular do planeta.
O módulo consiste num mecanismo de integração de vários servidores, de modo a formar clusters. A idéia é permitir a segmentação vertical de tabelas, promovendo a distribuição dos dados por entre os servidores, e ainda assim de maneira integrada.

O assunto DDE, para minha supresa, está tendo uma repercussão muito boa, muito embora ainda esteja longe de estar pronto. Ele tem atraído o interesses de pessoas (espalhadas pelo mundo, até) que, direta ou indiretamente, contribuem ou contribuíram para o desenvolvimento do banco de dados MySQL.

A proposta do DDE parte da necessidade de grandes empresas (tais como a VIVO, EMBASA, e quaisquer outras divididas em unidades filiais), que utilizam bancos de dados centralizados, evidenciadas quanto à garantia de eficiência e disponibilidade com baixo custo.

O engine proposto utiliza-se de critérios logísticos para garantir uma distribuição dos dados, feita de maneira inteligente e transparente. A idéia é, basicamente, permitir que o dado esteja fisicamente onde ele mais provavelmente será acessado. Daí, portanto, a importância da divisão em unidades regionais ou filiais.
A parte mais bacana do projeto é que isto tudo deverá ser feito de maneira transparente, ou seja, o usuário acessa um banco de dados distribuído com a sensação de que estivesse acessando um banco de dados centralizado comum.
Os resultados - prevê-se - deverão ser: otimização espacial e temporal, aumento da eficiência, redução da quantidade de dados trafegados na rede, aumento da disponibilidade média com tolerância a pontos de falhas e, principalmente, a redução significativa dos custos com infraestrutura de hardware e software das empresas, que chegam à escala de dezenas de milhões de reais.

Para quem interessar, a especificação está disponível em
Para quem não gosta de inglês, I'm sorry.

quarta-feira, novembro 16, 2005

O PESO DO COUVERT

BUENA MÚSICA

A expressão "couvert artístico" possui um peso bastante negativo, tanto para os músicos quanto para espectadores. O grande problema disso é a existência de um atravessador, intermediador do negócio, que normalmente é o gerente do estabelecimento comercial, ou alguém por ele delegado.
Normalmente, o músico se sente lesado - porque sabe que, na maioria dos casos, o dinheiro recolhido não segue ao destino prometido na sua totalidade. E Essa infelicidade tem sido quase que inevitável, já que os bares e outros estabelecimentos deste tipo já teriam, em tese, uma infraestrutura que abrigue as duas partes. E não bastasse a arrecadação do consumo, tirar proveito disso é um costume.
Pois bem que, não somente o músico, também o espectador - principalmente aquele tipo fã - se sente subtraído, por dois pensamentos. O priméiro, é óbvio: se existe um atravessador, então alguém está "pondo" a mão no seu bolso. O segundo é: normalmente os músicos são desfalcados. Ora, se você mexe com o ídolo de uma pessoa, você está mexendo com ele também.
A grande consequência é o crescente desestímulo à procura por bares ou casas de evento deste tipo: "consuma e pague o couvert, que eu lhe garanto que a verba vai pro músico". Tanto por parte de quem proveria o espetáculo quanto por quem o assitiria.
Eu particularmente não gosto de tocar em lugares movidos a couvert, não apenas pela sua tributação. A questão é que - e esta eu julgo ser mais preocupante - a imagem da banda ou músico fica intimamente atrelada ao estabelecimento. E isto é muito ruim, porque dá a impressão que, sem este apadrinhador, eles não serão capazes de andar por suas próprias pernas, ou de reunir nenhum espectador. Fora que o músico corre o risco de deixar de ser a atração, e virar paisagem.
É por isso que, nos eventos que eu mesmo idealizo, prefiro assumir que seja contratada uma produção à parte, para um evento único (ou limitado), num local mais indicado para ocasiões eventuais. Se João da Silva & Seus Assistentes vai fazer um show, eu vou porque vou assistir João da Silva & Seus Assistentes. Mas se ele vai tocar no Kibe do Mustafah, aí meu caro, viva ao kibe. "João da Silva? Deve ser o cara lá do couvert".

quarta-feira, novembro 09, 2005

COISA DE VELHO

COMPORTAMIENTO

Antigamente – até a minha remota adolescência – eu achava que coisa de novo era coisa de novo, e coisa de velho era coisa de velho. Simples, não? Velho gosta das coisas feitas à mão: “No meu tempo, a gente fazia isso daquele jeito”, ou “Esse negócio de computador é coisa pra menino novo”. Comportamento de velho me parecia tão intrínseco quanto remédio de artrite.

Mas o que eu tenho notado é que as pessoas não costumam mudar. O comportamento das pessoas é fruto da sua cultura, que por sua vez é produto da sua geração. Por exemplo: eu achava que quando ficasse velho, iria acordar às 5 horas da manhã. Imagine! Se eu já não acordo essa hora enquanto novo, quem dirá então depois de velho...

De igual maneira, jogar dominó o dia inteiro ou ficar lendo livros sobre Revolução Cubana não é coisa de quem passou dos 65. É coisa de quem nasceu e viveu numa época onde o prazer em jogar dominó e ler livros sobre socialismo era habitual.

Mas o engraçado é que o mais provável que aconteça com a minha geração é envelhecer e passar boa parte da sua ociosa aposentadoria baixando novos aplicativos, teclando no MSN, ou mesmo desenvolvendo um novo algoritmo para o reliable multicast. Os asilos do nosso tempo deverão ter acesso à Internet!

E eu, me vislumbrava com a cabeça toda branca, no bar da esquina, tomando pinga e pronunciando frases como “Esse negócio de Rock é coisa desses jovens que não sabem dar valor à verdadeira música...”, enquanto tocava um chorinho no bandolim...

Mas na verdade, o que deverá me acontecer é de pronunciar a mesma frase - talvez com uma gíria um pouco diferente - incomodado sobre algum novo estilo musical (já que rock ta virando coisa de velho), enquanto ‘plugo’ a guitarra na ‘pedaleira’. Na ocasião, algum garoto deverá estar passando e comentando:
- Esses ‘meu tio’ aí tá é por fora, vú... Muito nada a vê!